Como vivi a amamentação: 7 momentos
Durante toda a gestação da Valentina tive a certeza de que gostaria muito de amamentá-la, mas não procurei muita informação.
Li algumas coisas, mas imaginava que o instinto levaria ao sucesso e se eu queria amamentar, logo eu iria conseguir.
Pois bem, na verdade não foi como eu imaginava, foi muito diferente e alguns problemas surgiram já na maternidade.
1. Amamentando pela primeira vez
Logo depois do nascimento, nossa filha foi levada até a sala de recuperação, onde eu estava, e logo de primeira começou a sugar.
Eu fiquei encantada, nunca imaginei que a amamentação seria assim e isso me fez ter certeza que o sucesso já estava garantido.
Passadas algumas horas uma enfermeira foi até o quarto para ver como estava a amamentação. A partir desta hora é que começaram os problemas. A Valentina não pegava o seio, por mais tentativas que fossem feitas a resposta era sempre a mesma.
Ela não pegava o seio de maneira alguma, foi aí que meu medo começou.
2. A amamentação ainda na maternidade
Depois de algumas horas ela finalmente pegou o seio, um misto de alívio e medo, pois ela mamou, mas mamou por volta de 3 minutos.
Na primeira noite foram feitas várias tentativas de dar o peito para a Valentina, porém todas sem sucesso, ela tinha ânsia de vomito só em pegar o bico.
Nossa esperança eram as enfermeiras, a quem solicitamos ajuda, porém, para nossa surpresa a resposta foi a seguinte: “Não sei como ajudar, pois nunca vi algo parecido”. Na manhã seguinte conseguimos fazer ela mamar nos dois seios e isso foi um alívio, mas ela mamava um pouco e dormia.
3. A saída do hospital, o dia em que os problemas realmente começam
No terceiro dia na maternidade recebemos alta e fomos para casa.
Quanta alegria, nossa família em casa, com a nossa bebê. Daqui para frente é só curtir os dias com ela, esse foi o pensamento que dominava nossas mentes. Existia um medo no coração de como seria, mas a presença de minha mãe nos dava segurança.
Neste dia o leite desceu.
Meu Deus!!!!
Os peitos pareciam explodir, estavam muito cheios e não sabia o que fazer porque a Valentina não conseguia nem pegar o bico do peito.
Como uma amiga havia nos oferecido uma bomba extratora de leite resolvemos aceitar o empréstimo e o que antes parecia desnecessário, se tornou primordial.
O Rodrigo foi buscar e quando chegou em casa novamente veio a sensação de ok! Todos os problemas acabaram.
Que nada!
Quem disse que saia o leite na bomba?
Em mais de meia hora consegui tirar 5mL, isso mesmo 5 mL. Nessa hora pensei: ”Coitada da minha filha! Ela mama menos de 5 minutos, não deve estar mamando quase nada. Amanhã as coisas melhoram um pouco.”
Tudo parecia ficar para amanhã e esse amanhã não chegava nunca. Cada dia que chegava, chegava com uma nova dúvida e um novo problema.
4. Primeira consulta com a pediatra, agora nossas dúvidas acabam!
Para nossa felicidade a Valentina tinha ganho peso, apesar de, aparentemente, mamar pouco ela ganhou peso.
Entretanto, como ela nasceu pequena a pediatra indicou que deveríamos acordar ela para mamar a cada 2 horas por no mínimo 10 minutos.
Mas como fazer para ela mamar por este tempo?
Até agora ela não tinha mamado mais de 5 minutos seguidos.
Somou-se a preocupação com a duração da amamentação uma dor insuportável no bico do peito. Isso gerava um mix de sentimentos, pois a vontade era parar de amamentar, mas não poderia esta era a única fonte de alimentação da Valentina.
Na segunda consulta, descobrimos que os peitos seguiriam doendo até que, com a amamentação, fosse criado um “calo” protetor no mamilo, após 40 dias as dores acabaram, os peitos diminuíram e a Valentina seguia mamando pouco e dormindo no peito.
5. Tirando leite de pedra
Quem cunhou esta expressão deve ter sido uma mulher.
Após 2 meses tive pela primeira vez um entupimento de ductos, sem saber o que fazer perguntamos ao “Dr.” google e, como sempre, a lista de respostas é infinita e diversa, mas em quem acreditar, a quem seguir, o que fazer?
Depois de ler algumas sugestões optamos por alguns métodos diferente, mas todos sem sucesso, o peito ainda parecia uma pedra.
Nesta noite, fui dormir com muita dor no peito e, como se fosse um milagre, na mamada da madrugada a Valentina conseguiu desempedrar o leite, um alívio!
Depois disso o problema se repetiu diversas vezes, mais de 20, às vezes em um peito, às vezes em outro e com a Valentina conseguindo desempedrar quase sempre.
A única certeza que tínhamos é que esta situação precisava mudar e foi aí que optamos por buscar ajuda especializada.
6. Ajuda especializada, mas nem tanto…
Na nossa avaliação havia chegado a hora de buscar uma ajuda especializada.
Tantos problemas enfrentados nesse pouco tempo amamentando indicavam que algum problema poderia existir.
Fosse a pega ou qualquer outro, alguma resposta nós precisávamos.
Com este pensamento fomos a um local renomado em Curitiba em busca de orientação sobre amamentação.
Queríamos respostas para, principalmente, como desobstruir os ductos que tanto me incomodavam.
A expectativa era tanta que saímos de lá frustrados, esperávamos uma resposta para essa dúvida, mas ouvimos que a única alternativa seria esperar o corpo reabsorver aquele leite empedrado.
E a dor, o que fazer com ela?
Para piorar um pouco, saímos de lá com um diagnóstico de que a Valentina era alérgica a proteína do leite de vaca, o que nunca foi confirmado.
Como alguém pode diagnosticar um problema tão sério com uma simples conversa de uma hora?
Com a cabeça já em turbilhão eu recebi uma lista enorme de alimentos que estavam proibidos para mim.
Já tinha uma lista de restrições passada pela pediatra e agora mais essa, o estresse chegava em níveis incontroláveis.
Por que ninguém me contou antes que a amamentação é extremamente difícil, todos falam das maravilhas que é amamentar, mas e os problemas, onde estão?
Contrariando as orientações de restrição que tínhamos recebido minha mãe e meu obstetra sempre falaram que não precisava restringir nada, somente a bebida alcoólica.
Passado um tempo fui me liberando dessas restrições e me tranquilizando o que facilitou em muito o ato de amamentar.
7. Me sentindo incapaz
Passado algum tempo, entramos em um outro momento, a hiperlactação (excesso de leite). Por conta disso, a Valentina não conseguia mamar, se engasgava e amamentar se tornou uma luta.
Neste momento chorei muito e pensei que eu era uma péssima mãe, pois tinha muito leite e não sabia amamentar minha filha.
Quando procuramos ajuda foi falado que não havia problema algum na pega. A única orientação foi restringir minha alimentação, então a única explicação era essa:
“Sou uma péssima mãe”.
“Dr.” google entrou em ação novamente e passei a amamentar a Valentina dormindo. Dormindo ela conseguia lidar melhor com o excesso de leite, pois sugava lentamente.
Os dias foram passando e seguimos assim, com ela mamando lentamente e sempre dormindo.
Enfim a amamentação tinha se tornado um processo simples.
Como nem tudo são flores, de uma hora para outra, eu praticamente não tinha mais leite.
Na ida a pediatra, a Valentina quase não tinha ganho peso e o sentimento de incapacidade que parecia ter acabado voltou a minha cabeça.
A solução agora eram duas:
- Iniciar com a complementação de leite, ou;
- Tomar medicamento para aumentar a produção de leite materno.
Sob orientação da pediatra iniciei com a medicação, porém, até que a minha produção de leite estivesse normalizada, fizemos a tentativa frustrada de começar com a complementação.
A Valentina só aceitava o meu leite.
Ahhhhhh, Meu Deus! Como vou deixar minha filha com fome, o que fazer?
Tentei mais algumas vezes o complemento, mas aprendi a lidar com isso até que a produção de leite se normalizou, isso levou aproximadamente 3 dias.
Produção de leite normalizada continuamos com a amamentação de maneira exclusiva.
Hoje posso dizer que estou muito feliz. Ainda amamento a Valentina, os problemas diminuíram e agora iniciamos a introdução alimentar.
Quando vou parar de amamentar? Não sei, porque quem irá decidir isso será a Valentina.
E você teve problemas nos primeiros dias como mãe ou pai? Conta pra gente aí nos comentários.