Comecei com o BLW, e agora?

Comecei com o BLW, e agora?

Você decidiu iniciar a introdução alimentar de seu bebê com a abordagem BLW e ninguém entendeu por que você fez essa escolha? Todo mundo começou a fazer inúmeras perguntas e a te colocar em dúvida?

 A abordagem BLW é realmente diferente e uma novidade para muitos.

Anteriormente já falamos sobre a introdução alimentar e que ela é um processo longo que gera muitas dúvidas. Quando você opta pelo BLW é provável que essas dúvidas sejam ainda maiores, que você veja muitos olhos tortos para sua escolha e tentem te convencer que você deve fazer a introdução da maneira mais tradicional.

Tenha em mente que a abordagem BLW preza pela autonomia do bebê, lhe dá liberdade de escolhas e exige uma confiança mútua entre pais e bebê.

Continue lendo e veja as respostas para as perguntas mais comuns que você irá ouvir.

O bebê não vai engasgar?

Até o início da introdução alimentar o bebê está acostumado a comer somente líquidos, seja o leite materno ou a fórmula. Por esta razão, é fácil acreditar que os bebês deveriam comer alimentos mais pastosos e aos poucos migrarmos para alimentos mais sólidos.

A crença é que o bebê não saberá o que fazer com aquela comida em pedaços e que o risco de engasgo é grande.

De fato o bebê não está pronto para a comida em pedaços nas primeiras refeições, mas o mesmo acontece com a comida pastosa. É comum que nas primeiras refeições o bebê coloque para fora toda a comida que entra na boca dele, e isso acontece no BLW e com as papinhas, mas por que isso acontece?

Como já mencionamos em posts anteriores o responsável pela expulsão da comida da boca do bebê é o reflexo de protrusão da língua. Tal reflexo ajuda o bebê a se defender de qualquer objeto estranho que entre na boca dele. Aos poucos este reflexo vai diminuindo e é a partir desta redução que o bebê começa a engolir a comida com mais facilidade.

Além deste reflexo, o corpo humano é extremamente inteligente e para proteger o sistema respiratório de qualquer alimento mal deglutido ele tem três tipos de defesa:

  1. Reflexo de GAG
  2. Tosse
  3. Vômito

Reflexo de GAG

O reflexo de GAG, não é engasgo, é um reflexo protetor das vias aéreas. Todo alimento mal engolido é devolvido a boca para que seja cuspido ou melhor mastigado e engolido novamente.

Adultos e bebês tem o reflexo de GAG e a principal diferença é o local da boca em que ele é ativado. Nos adultos a ativação é feita na altura das amídalas e faringe, enquanto nos bebês a ativação acontece na base da língua.

Este reflexo pode ocorrer inclusive com as papinhas, pois engolir algo mal não é exclusividade para os alimentos em pedaços.

E lembre-se, reflexo de GAG, não é engasgo.

Tosse

Você já bebeu ou comeu algo que desceu “errado”? pois é, provavelmente sim, e o reflexo é sempre tossir para expulsar esse “objeto estranho” das vias aéreas. Pois bem, a tosse é o primeiro reflexo de proteção das vias aéreas quando algo é engolido de maneira errada.

O reflexo de tosse é normalmente ativado quando o reflexo de GAG não conseguiu devolver o alimento a boca. Sem dúvidas é o reflexo mais importante de proteção das vias aéreas. Ele protege o sistema respiratório até mesmo de porções mínimas que possam chegar as vias aéreas.

Em último caso, a tosse e o reflexo de GAG podem vir acompanhados de vômito. Isso devido a força abdominal que é feita principalmente com a tosse.

O corpo fará todos os esforços possíveis para liberar aquele alimento que está trancando as vias aéreas. Porém, a supervisão é sempre importante e ao menor indício de engasgo é necessário agir rápido para desengasgar o bebê.

Vômito

O vômito ocorre quando nem o reflexo de GAG, nem a tosse foram suficientes para liberar as vias aéreas do bebê. Ele é uma reação do corpo para forçar a desobstrução e o último reflexo involuntário.

Caso não seja suficiente para ajudar a desobstruir as vias aéreas do bebê é necessária a sua intervenção, e para isso você precisa estar pronto para agir. Por esta razão, é sempre importante que o bebê coma com a supervisão de um adulto.

como desengasgar um bebê
Manobra de Heimlich

Para desengasgar um bebê você deve utilizar a manobra de heimlich, veja figura ao lado.

Consulte o seu pediatra como você deve agir em casos de engasgos.

O bebê vai comer sempre com as mãos?

Por vezes ouvimos esta pergunta e a resposta para ela é NÃO.

No início, comer é uma simples brincadeira para o bebê. Como acontece com tudo que o bebê pega, ele levará a comida a boca. Porém, diferente de outras situações e objetos, neste caso permitimos que ele coloque a comida na boca, pois a brincadeira será fundamental para o bebê aprender a sentir a textura dos alimentos e a comer.

Apesar de o ato de comer com as mãos estar presente em algumas culturas e não ser um problema, na medida em que o tempo passa a criança será ensinada a utilizar talheres.

O importante é que as refeições sejam feitas em família e que o talher esteja sempre disponível, pois o bebê aprende por imitação e é imitando o adulto a comer que ele aprenderá a utilizar os talheres nas refeições.

Tadinha, desse jeito não vai comer direito?

Quando ouvimos um “tadinha” o primeiro pensamento é porque tadinha? Ela está aprendendo a ser independente, a fazer as coisas sozinha e não há nada de errado com isso.

Pelo contrário!!!!!

É lindo ver quantas habilidades ela consegue desenvolver em tão pouco tempo.

Deixando de lado o momento desabafo, na fase de introdução alimentar do bebê a principal fonte de alimentação dele continua sendo o leite materno ou a fórmula. Portanto, é importante acompanhar o ganho de peso e crescimento do bebê e seguir em frente. Pois tudo tem seu tempo e na medida em que o bebê vai ganhando mais habilidades ele vai comendo melhor.

Novamente salientamos, confie no seu bebê, ele comerá na quantidade adequada para ele e você perceberá que o ganho de peso continuará seguindo a curva de crescimento que já vinha se traçando durante os primeiros 6 meses de vida dele.

Esses pedaços não são muito grandes para o bebê engolir?

Depende. A comida deve ser oferecida ao bebê em tamanhos adequados a idade dele. Na medida em que ele melhora a mastigação e deglutição é possível oferecer alimentos em tamanhos diversos.

Nossa experiência mostrou que conforme a criança desenvolve o movimento de pinça ela consegue pegar os alimentos menores. Enquanto este movimento não está bem desenvolvido o ideal é que os alimentos sejam oferecidos em tiras, para o bebê poder pegar e morder.

Quando o movimento de pinça já está desenvolvido o bebê passa a colocar tudo que pega na boca. Inteiro, sem mastigar mesmo, por esta razão os pedaços passam a ser menores.

A textura dos alimentos é outro ponto a ser observado. É necessário que eles seja macio a ponto de o bebê conseguir amassá-lo com a pressão das gengivas ou mesmo da língua contra o céu da boca.

Será que o bebê não vai ficar mal nutrido?

Como já falamos acima, no início da introdução alimentar a principal fonte de alimentação do bebê é o leite materno ou a fórmula. Tendo em vista essa condição é pouco provável que por comer pouco seu bebê fique mal nutrido.

A substituição da principal fonte de alimentação ocorrerá com o tempo e durante esse período seu bebê aprenderá a comer melhor, até que ela seja a única fonte de alimentação de seu bebê e seja a única fonte nutritiva dele.

Por que vocês escolheram esse BLW e não dão papinha como todo mundo?

Essa pergunta não chegamos a ouvir, mas temos a certeza que muitos a fizeram, nem que mentalmente. Afinal de contas é um método que foge do comum e dá uma liberdade a criança que poucos estão acostumados.

Como já falamos anteriormente, optar pelo BLW é optar por uma relação de confiança mútua. Confie que seu bebê pode e consegue e ele confiará cada vez mais nas suas escolhas.

Essas são algumas das perguntas que ouvimos ou que notamos que as pessoas gostariam de perguntar. Você já conhecia o método BLW? O que achou dele? Como está sendo sua experiência?

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